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Diário de Campo III - Coleção de rochas Prof. Dr. Carlos Roberto Soares

Atualizado: 18 de abr.

Segunda-feira, 17/04/2023


Caro Carlos,


Relembramos sua vida em celebração a sua memória.

Por meio do cuidado com o acervo de rochas deixado pelo Prof. Carlos, temos a oportunidade de cultivar fragmentos de uma vida vivida e compartilhada. Nesse processo de lembrança e de retomada de histórias, sentimos a necessidade de expressar palavras que ficaram guardadas e armazenadas no tempo. Decidimos então, abrir esse espaço para depoimentos de pessoas que foram próximas ao Carlos, com o propósito de compartilhar, por diferentes perspectivas, o quão únicas e especiais são as memórias deixadas. Esse post-carta é uma singela homenagem às histórias que ficaram guardadas em nossos corações.


De: Lilian


Carlos, parceiro de todas as horas, meu grande companheiro... desde que o conheci no CEM, nunca mais nos separamos. Foram mais de dez anos de cumplicidade, risadas, música, vinho, comida boa, cantorias, violão, instrumentos de percussão, viagens, shows, e, no último ano conosco, um lindo trabalho compartilhado nas escolas das ilhas, que tão bem conhecia, não só a parte geológica, mas a geográfica, histórica, cultural... Personalidade cativante, estudioso incansável, leitor voraz, elegância ímpar, bom gosto, gentileza, humor fino, um professor à frente do seu tempo, amigo e conselheiro, conhecia todos os seus alunos pelo nome, sabia escutar, dava asas aos sonhos a quem o

procurava, sabia acolher e também ser austero nos momentos certos. Não tinha quem não amasse o Carlos! Acelerado e agilizado em tudo o que fazia, era adepto ao lema cantado por Lobão: "melhor viver dez anos a mil, do que mil anos a dez"! Cuidadoso com tudo e todos, generoso, um mestre em cultivar amigos, detalhista, organizado, precavido, dedicou-se a VIVER BEM - e viveu intensamente! -, nunca deixou nada pra depois. Saiu de cena elegantemente (bem ao seu estilo!), deixando uma multidão de seguidores com as suas melhores lembranças... E muita, mas muita saudade...!



De: Dídio


A cada minuto o passado é maior

E o futuro? Aumenta?

Sua presença na terra magnífica ideia

Aquela saída de campo inesquecível

Em mau tempo feito aviso na ilha era farol

Levar a ciência para todos lugares

Aprender com compreensão e afeto

Sua metodologia: ser prestativo, cuidar em conjunto

Anos antes desse instante havia som, batuque, violão

Falávamos dos povos, dos mares, de Staden, Cabeça de Vaca, Canal do Panamá

Me questionava sobre emergência climática, refugiados ambientais

Me provocava sobre minha própria existência

Para que? Para quem? Para quando?

Suas palavras continuo a tentar entender

Sempre haverá um som, contos e cantos

Em meio a deriva dos continentes, grandes viagens

Perdoar quem me ofendeu, nascer de novo, curar feridas

O tempo imitava a eternidade

E a música…Comunhão, ritual, poder transformador


De: Luciene


Soares, Amado da Val


É bem fácil associar este ser querido a adjetivos como engraçado, atencioso, prestativo, sociável, agregador, generoso. Porém, nem com mais duzentos outros adjetivos, conseguiria descrever a gostosa singularidade de Carlos Soares. Seduzindo a gente com sua conversa direta e divertida, mesmo em momentos tensos e dramáticos, eternizando apelidos com sua elegância ruidosa, pelos corredores do CEM ou pela janela do carro, este exímio anfitrião se esbaldava na arte de cozinhar e de reencher as taças dos convidados. Amado sabia e adorava curtir a vida, experimentava coisas, fazia amigos plenos em qualquer lugar, geralmente gostava de gente, só umas poucas este escorpiano ferroava sem remorso.

Claro, Amado também dava pala, dava fora e dava o fora, mas quem não dá? Sendo um sujeito musicalmente antenado, comprava todo tipo de instrumento para que nossa banda tirasse um som maneiro ou avacalhado, conforme a inspiração vigente dos “músicos”. As redes na varanda de sua casa, a gente em volta da mesa ouvindo os detalhes das receitas, as risadas, as caipiras exóticas de Absolut, as fotos de nossas viagens, tanto, tanto... e música embalando tudo. Penso que Amado continua por perto, foi só ali fumar um cigarricho e já volta.


Agradecemos aos que se disponibilizaram contar um pouco da história em que compartilharam com Carlos. E aos que se propuseram a retomar lembranças mas que não obtiveram palavras: todas as pessoas possuem formas singulares de ser, sentir, lembrar, amar; algo que o Carlos demonstrava ter para si. Todas as formas de relembrar e celebrar sua memória, são importantes e válidas.



E a você leitora e leitor, deixamos o convite para acompanhar os próximos posts, onde nos aprofundaremos nas fases da criação do acervo de rochas. Até lá!


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